sábado, 31 de agosto de 2013

Do ar

Respira! Ainda há ar, fôlego, a batalha até a superfície, para então respirar novamente, renovada das profundezas de si mesma...O mar, o mar, dentro de mim de encontro a encosta, a ressaca a minha fúria eterna, de querer mais espaço para banhar de minha força tudo ao redor, sempre mergulho até tocar o chão, para saber que dali só há o retorno, nada além de voltar de mim para mim, um eterno ciclo, de sal e água, no corpo e no rosto, lavando tudo, e me trazendo o novo sem esperanças falsas, sem ilusões, só a verdade quando grito o ar dos pulmões, quando escrevo sem pontos e para aquilo que não tem fim.

Talissa Santana

Do conhecimento, do comedimento

Eu ainda andei sozinha pelo corredor. Sentia uma ternura e descobrira algo maior que a vida. Havia uma verdade além dos olhos maquiados que eu vira no espelho. Havia um caminho meu, um rumo que eu decidira tomar. Não me sentia só. Não estava.
Sentindo um vento que batia suavemente em mim, trouxe conhecimentos da alma e da razão. Isso me bastou.
Fui tomada por um torpor que me impedira de ser arrogante desde cedo. Eu sabia que tudo não era somente ter, eu sabia, nada além disso. Precisamos ser menina, gritava a mim mesma.
A coragem agora se instalara.
 Quanto ao amanhã ele chegaria, com o Sol entrando lentamente, anunciando mais uma novidade de mim mesma. Eu jamais falaria sobre, é só um sentir.
A verdade é aquela que nunca fora dita. Aquilo que se explica, nas medidas humanas se perde. Torna-se, assim, mais um legado, mais uma história, nada além de páginas soltas de alguém.
Eu saberia de mim nos momentos de não saber, como esse, quando algo chamou-me ao corredor, quando algo senti e não consegui explicar.
Eu apenas senti, e deixei algo perdido no vento, arrepiado, algo novo vivia e não podia agora parar.
Eu ainda escreveria muitas vezes, pela madrugada, quando o rosto lavado, olhando a minha prateleira de livros e as fotos pela parede, eu poderia ficar nua de mim, viva, minha, dona.
E assim eu sei realmente ser feliz, Caramba, eu sei.

Talissa Santana

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Amor

Sorri e olha para mim. E aquela luz me aquece e meu corpo reage. Indo. Fui.
Beijei você na ponta dos pés . Eu te olho e não desejo mais nada. Você sorri, segura meu rosto com as duas mãos. 
Você me deitou brincando com meus pés "tão pequenos", e eu disfarço a ternura quando olho para você. Eu não posso ser frágil. Não, não. E você me abraça, e eu queria dormir ali para sempre. Adormeço enquanto você, tão lindo, diz algo sobre a vida. Eu fico sua confidente, muda.
E você me deixa em casa. Eu finjo que quero descer, mexendo no bolso reclamando que nunca acho a chave. Você me ajuda. A luz , tão direta, incide nos seus olhos e eu não quero acreditar na beleza justa e franca que vejo. Eu fico lá perdida, navegando.
E você novamente prende meu rosto em suas mãos, acha engraçado, "tão pequena", e eu mordo o canto da boca. Você me morde fraquinho, e eu quero voltar para te abraçar. 
Eu chego na aula, e lá está você no canto, a mão apoiando a cabeça. Eu sento ao seu lado e não sei o que fazer.
Eu ouço suas notícias do dia. 
Fiquei, com o corpo tremendo. E você me puxou de volta e me abraçou tão perto, que eu não consegui. Mas você me deu abrigo, me deu carinho e uma mensagem de boa noite "ainda está acordada?".
Eu fujo para te encontrar. Eu sorrio para ser um pouco de você, Você me deixa tão eu, pequena menina que balança os pés. Doce, brincando no meu caderno, você escreve algo que descubro depois.
Você me faz lembrar de algo melhor, nos seus olhos, nas sua mãos, no seu corpo protegendo o meu. Eu agora nada posso escolher. Apenas você.

Talissa Santana

Da criação

Eu tinha algo da mulher que, hoje, varria a varanda. Ela fora a minha mãe há muito tempo, quando eu ainda era uma criança e ela me fazia sentar à mesa da cozinha para decorar a tabuada. Eu não entendia o porquê disso tudo. Afinal, o sol era quente e tinha um quintal lindo lá fora de coisas de descobrir.
E eu tinha a irresignação dos punhos cerrados que calavam as discussões na mesa de jantar: Meu pai. E, ainda, aquela queimação em busca de conformar: alguns goles de vodka ouvindo o noticiário da televisão.
Aprendi assim, fugindo para algum lugar que eu não conhecia: Eu.
Mas vejo deles dois a minha matéria mais humana e forte. Quando do tombo eu levanto, ainda estão os braços da mulher aflita e zelosa.
Quando alguma lágrima insiste em fracassar, existe a lição do homem que nunca desistiu mesmo com medo.
Nunca fora perfeito para os outros. Fora perfeito para mim. Foi o suficiente para me levar para longe e sempre voltar.
De todos os seus erros, eu tento aqui acertar o meu passo. Seja ele trôpego ou sonhador, seja como for, eu jamais pararei. De todos os percalços meu aprendizado. Eu jamais desistirei, sempre procurarei o melhor, o mais belo, aquilo que me ensinas até hoje. Volto tarde hoje em dia, mas sempre ligarei para dizer o quanto os amo.


Talissa Santana
Dessa vez decidi descortinar o véu das imposições errôneas,visitei os porões da minha inconsciência e vislumbrei a vida por debaixo da vida. Percebi meus encontros com a escrita e me deparei com dezenas de folhas rasgadas, lançadas no lixo. Foi autêntica a minha ignorância em não enxergar que basta sentir,não explicar. Simples assim.

Talissa Santana

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Você

A distância da sua vida me ensinou a solidão mais pungente. Porque entre todos os lugares que vou, estou encarcerada dos sentidos e das lembranças do que foi, do que é bom. Às vezes sinto uma enorme muralha do que vem de dentro e me impede de sorrir, pois essa falta de você gera aquele vazio incólume. Eu poderia te carregar pra um lugar melhor, onde veríamos a vida, longe dessa gente chata e burocrática. Te mostraria a vida simples e bela a qual tanto exponho e sonho. Te proteger desses finais lentos e desgastantes em que as pessoas apoiam suas vidas.
Deixei há muito de compreender muitas coisas, sinto cada vez mais que a sabedoria é pros mais antigos, a idade é realmente uma virtude.
Todo esse sentimento é estranho, como se eu fosse capaz de voar, mas meus pés permanecem presos ao chão.
Permaneço gritando que não quero esse destino cego que muitos planejam para si, sempre a espera de algum acontecimento maior, um evento predestinado. Falta escrever na minha testa que a felicidade está ao seu lado, mas apenas os mais atentos a observam e a adotam.
Acredito que possuo grandes asas, mas leves, pois no mais das vezes, consigo levitar, sentir a poeira em baixo dos meus pés, subir e buscar você lá de cima. E fugir para uma terra distante, alta e com o horizonte livre. Sentir aquela sensação no peito, onde apenas a felicidade real e a esperança são capazes de proporcionar.
E eu apenas peço, tão pouco, é quase nada, que você me conforte e em silêncio compreenda o incompreensível junto de mim com todas as palavras que só o silêncio maior produz.

Talissa Santana

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Da fênix

Era assim, ela, além dos limites, não sabia onde os encontrar, nem sabia se os mesmos se encaixavam nela. A minha existência é realmente um alerta, não sou normal, nunca fui.
Ando com um sorriso abestado, respiro pelos lugares errados, busco constância pelos lugares indevidos. Sai força sei lá da onde, apenas sei que tenho, coloco pé ante pé e saio por ai cantarolando aos ventos.
Treinei por alguns anos para isso dar certo. Padecer é bom, nos revela e nos modela. Nos faz livres.
Dizem que se morre para virar outra pessoa. Bom, creio eu que já morri algumas vezes. Já presenciei a morte também daqueles que convivo, foram momentos de escolha, morremos para renascermos como a fênix. Gosto da ideia que paira por ela.
Honestamente, já me matei algumas vezes para que no momento em que me encontro, sinta ao menos um leve orgulho de quem me tornei. É tudo muito necessário, é preciso que alguém morra, para florescer alguém novo e melhor.
"Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".
 Essa frase não é minha, mas como diria Woody Allen, se for plagiar, que seja dos melhores.

Talissa Santana

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Das passagens

A vida sempre renascendo da cinzas em um banho de purificação.
Observou o grande dia que trespassava pelos seus olhos. Decidiu de vez enxergar por detrás do olhar. Livrou sua mente do corriqueiro e permitiu a sua velha conhecida viver grandemente grande.
A lógica crua e impaciente, a fez pensar.
" Deus tem me dado muito do que pedi, mas mais ainda me deu o que eu precisava."
Esta frase surgiu como uma esperança. Sim, tudo acontece com um propósito. Aprendeu sim da maneira mais abrupta que alguém poderia passar. Sentiu Deus nos ares da noite, ajoelhou-se sobre seus pés e as lágrimas corriam. Era criança mais uma vez. Sentiu-se compreendida e parte da criação do mundo. Uma grande paz a invadira, poderia ser ela, Deus e a felicidade alegre que tanto lhe recordava.

Talissa Sanatana

Das alegrias

Sei que estou livre. De fato, hoje sei.
Caminhando no retorno das estrelas, percebo algo em mim de muito antigo e de muito novo. Não há culpas, desculpas ou mágoas. Somente lembranças e sentimentos vivenciados cotidianamente, leves. E o tempo escrevendo a história como nunca antes. Tudo isso, na solidez da alegria e da confiança.

Talissa Santana

Das verdades da vida

Sei que gosto de ficar só, 
mas gosto mais ainda de estar com amigos queridos.Percebo o quanto devo manter-me fiel à verdade da vida. Mesmo cruel em alguns momentos,nos brinda com momentos tão completos que fazem tudo valer a pena.
Só porque compreendemos o mecanismo de certas coisas não significa que elas não sejam milagres.
O resto a gente ajeita,vai saber...

Talissa Santana.